8 de outubro de 2011

Amor verdadeiro


     Meu nome é Antonella, nasci em Roma, Itália, mas quando tinha uns cinco anos minha família resolveu muda-se para Florença, e isso faz muito, muito tempo mesmo, nem sei como ainda lembro, minha memória ainda guarda o perfume das primeiras flores que toquei quando cheguei à Florença, deve ser por que dizem que a memória costuma guardar tudo o que é inesquecível e foi lá que vivi a maior história de amor que alguém poderia viver, a qual começarei a contar agora.
     Quando cheguei naquela cidade era tudo muito novo e eu não tinha amigos, e como era filha única nunca tinha com quem brincar, até o dia em que conheci Antino, nos tornamos amigos inseparáveis. Dizem que Deus coloca um anjo na vida de cada um de nós e o meu sempre foi ele, pois ele estava sempre me mostrando os caminhos certos a seguir e sempre afastava de mim qualquer mal, um dia era principio de tarde e fomos passear de mãos dadas pelas ruas tranquilas, porém para mim não estava tão tranquila assim, pois encontramos um cachorro pelo caminho, nem era bravo, mas eu morria de medo, e foi nesse instante que Antino foi meu herói, meu anjo pela primeira vez. Acho que ele também sentira medo, mas teve audácia para enfrentá-lo e me salvar, éramos tão crianças ainda e já sabíamos o que era um amor de verdade, com companheirismo, respeito. Os anos foram passando e começamos a namorar de verdade, no dia dez de janeiro de 1933 ele me deu o primeiro beijo, acho que eu tinha uns quinze ou dezesseis anos, eu flutuei em seus braços macios. Nunca em minha vida eu o vi flertando com outra mulher, nós fomos sempre um do outro e desde daquele primeiro beijo, pensamos em nos casarmos e não esperamos muito tempo não, subimos ao altar em dezembro do mesmo ano, pois aquele amor já nascera na infância. Lembro-me que nossos pais foram contra, mas lutamos contra tudo, no inicio fomos morar numa casa simples, por que ele ganhava pouco.
     No ano seguinte tivemos nossa primeira filha, o que tornou as coisas mais complicadas, porém aquele homem lutava com todas as forças para que não nos falta-se nada, e o amor nos fortaleceu nos momentos difíceis, o que posso dizer é que ele me fez conhecer o amor da maneira mais bela que alguém pode conhecer, quando eu tinha uns trinta anos descobri que tinha uma doença grave o que me levou à cegueira e ele nunca me abandonou, a partir deste dia ele passou a ser a luz de minha vida, guiando meus passos, me fazendo enxergar a beleza das coisas.
    Já se passaram muitos anos desde o dia em que o vi pela primeira vez e confesso que meu maior sonho, hoje com noventa e três anos, seria ver seu rosto novamente, mesmo estando envelhecido pelo tempo, eu iria enxergar a mesma face daquele menino anjo, que me salvara dos meus maiores temores, ainda hoje eu o chamo de meu anjo e sei que quando a morte nos levar iremos nos encontrar em outra dimensão, pois um amor verdadeiro ultrapassa os anos e até mesmo a morte.  
                                                           (Luzia Medeiros)


Conto para a 25° edição imagem do projeto suas palavras.

4 comentários:

  1. Realmente muito lindo o conto. Amores de verdade duram até além do fim. E nunca tem fim. Persistem com sentimentos puros, completos e firmes, sólidos. Bonito esta história. Comovente...

    É tão bom ler coisas assim...

    Beijão!

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  2. Ultrapassa mesmo, Luzia, e é lendo textos lindos como esse teu que me lembro disso. Você contou uma linda história de amor, que me tocou profundamente. Espero que você tenha ganhado a edição, porque foi fantástico esse texto. Um beijo, saudades tuas!

    Nina (:

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  3. Belo texto. Um texto que demonstra como os amores verdadeiros quebram as barreiras do tempo.

    Beijos

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