História fictícia, mas que me fez pensar
em personagens reais que habitam cada
pequenino lugar do sertão.
A imagem é de Reinaldo Bui.
Meu nome é João. Nasci no outono de 1978, num sítio chamado Rancho
Fundo, no sertão Pernambucano. Desde muito cedo aprendi a semear a terra para a
plantação, juntamente com meus pais e meus dois irmãos. Nasci mesmo no solo
firme, sob um horizonte tão claro que fascina e ao mesmo tempo ofusca o olhar.
Aos doze anos tive que suportar a dor de ver meu pai partir,
vítima de um trágico acidente. Eu
recordo muito bem a força que recebi da minha amada mãe Marina e dos meus
irmãos mais velhos. Chegamos a passar fome, mas a fé nos fez seguir em frente com
muita garra e vontade de vencer.
Começamos a trabalhar com o barro, produzindo belas peças
artesanais. Saíamos para vende-las a qualquer hora do dia, até mesmo
sob o sol escaldante. Aos poucos, aprendemos a lidar com a dor. Agora restava apenas a saudade da família toda reunida à
mesa. Andando de carroça em busca da vazante,
pescando no açude, à noite contando estrelas nos momentos de felicidade plena.
Anos depois meus irmãos foram morar lá pras bandas do
Sudeste. Neste tempo conheci uma linda morena que roubou meu coração. No ano
passado minha mãe foi encontrar com meu pai no céu e a dor mais uma vez fez
morada em mim.
Mesmo depois de tudo, continuo morando na mesma casinha da
infância, que fica num canto alto, com uma longa escada de pedra. Às vezes
fecho os olhos e vejo minha mãezinha subindo os degraus devagar, meu pai cuidando
da horta ao lado, enquanto isso, meus irmãos regam as flores na janelinha azul.
Apesar dos meus irmãos quererem levar eu e minha esposa para
morarmos com eles, não abandono o meu sertão, o pedacinho de chão que plantei a
minha vida e vi nascerem meus sonhos. Jamais me acostumaria com a correria da
cidade grande, pois, o barulho que gosto de ouvir é a cantoria dos pássaros
fazendo festa ao amanhecer.
Minha vida é essa aqui: acordar de madrugada, ligar o rádio
que continua na mesma banquinha de madeira e ouvir músicas antigas que me fazem
entrar num túnel de lembranças. Posso caminhar de mãos dadas com meus pais e
meus irmãos descendo e subindo a serra, colhendo os frutos do plantio... E
então mergulho na certeza de que este é o meu lugar, o qual nunca irei deixa-lo.
Luzia Medeiros.♥
Luzia,existem lugares que parecem mesmo feitos sob medida pra gente!Um conto muito bonito e verdadeiro!bjs e bom fim de semana!
ResponderExcluirOlá Luzia,
ResponderExcluirQue Conto maravilhoso?... Achei simplesmente divino... Parabéns!
Bom fim de semana!
Abraço.
Luzia Que lindo conto ...cheio de amor e doçura...quanta sensibilidade ao que percebes na grandeza da simplicidade ...parabéns um grande beijo Pedro Pugliese
ResponderExcluirMergulhei na história e fiz parte dela...senti o aroma da terra e o som dos passarinhos.
ResponderExcluirNão ando bem, e quando terminei de ler, me senti bem Luh, voce consegui com simples palavras, mas um carinho devastador nascer um sorriso em mim. Que lindo conto Luh, tenha um final de semana abençoado, beijo amiga *------*
ResponderExcluirSua sensibilidade para escrever esse conto foi ao máximo, adorei! Um abraço!
ResponderExcluirQue história mais linda. Quanta sensibilidade e doçura nesse conto. Parabéns! Beijinhos e uma ótima semana.
ResponderExcluirBelíssimo conto, de muita sensibilidade.
ResponderExcluirBeijos
O mundo sob o meu olhar
Lindo, e é assim tem lugares que são mais que lugares, a casa dele é sua vida. Que conto incrível.
ResponderExcluirLu, adorei o seu sertão!!!
ResponderExcluirbjsMeus
Catita
Que lindo, Luiza!!
ResponderExcluirComo vi nesse texto!
Parabéns!
(ps.: espero sua visita!
http://desconstruindoverdades.blogspot.com.br/)
Real, lindo, nostálgico. Nós, que somos nordestinas e com o maior orgulho, quando viajamos para o interior dos nossos estados, vemos cenários que realmente inspiram a imaginar como são outras formas de vida, outros corações que abraçam a liberdade ao abrir a janela de manhã. Cenários como este, simples e bonitos.
ResponderExcluir''Casa simplesinha, rede pra dormir...'' Fiquei encantada pelo texto. Arrasou, Lu.
Beijos!
Que história triste e tão bela!
ResponderExcluir