23 de março de 2012

O mistério da Rua 23 ♥

     
         Ouro Preto, 1950. Numa manhã cinzenta, Alice saiu de casa cedo, e muito apressada. Chegou à velha estação que ficava num bairro distante, na Rua 23. Por motivos pessoas ela havia brigado com sua família e naquele momento queria repousar em um lugar distante. O que ela não imaginava é que a viagem seria tão surreal. Logo ao adentrar aquele trem sombrio, ela logo percebeu que não havia mais nenhum passageiro além dela, havia apenas o maquinista.


         Alice não conseguia entender porque não havia mais ninguém naquela rua. Para conseguir ficar tranquila, ela apoiou a cabeça na poltrona e começou a ler um livro. Minutos depois, o jovem maquinista, alto, de boa aparência, e olhar um tanto misterioso, perguntou: 
         - para onde iremos senhorita? 
         – Hoje você será minha única passageira. Nos olhos dele havia um brilho diferente e um ar misterioso, enquanto pronunciava aquelas palavras para a jovem Alice, que respondeu balbuciando as palavras. 
         – É, é, podemos ir para qualquer lugar, onde eu tenha paz.


         O trem fez seu barulho peculiar e, então tomou partida. Por mais que, já se passasse mais de trinta minutos, a impressão que Alice sentia é que a Rua era a mesma, havia arvores secas, as casas abandonadas, parecia uma rua esquecida pelo tempo, pelas pessoas. Mas, afinal ela queria mesmo ir para um lugar onde ninguém a incomoda-se, um lugar para que ela pudesse pensar melhor na vida.


         Uma hora depois, o trem parou, e o maquinista de voz suave, eu diria até um pouco apaixonante, perguntou: 
         - Podemos parar aqui, senhorita? E ela respondeu: 
         – Podemos sim. Mas, aquele sim, não foi tão seguro, pois, a rua ainda era a mesma, e um tanto assustadora. O jovem, bem educado parou o trem e ajudou-a a descer. Naquele instante, ela fitou seu olhar, nos olhos verdes do jovem, e franzindo um pouco os lábios, ela indagou: 
         - Por que o jovem disse que hoje eu seria sua única passageira? E ele logo respondeu: 
      - porque você é especial, este lugar sombrio se ilumina com sua presença. Naquele instante ela se arrepiou. E ele continuou a falar. 
         – Na verdade, minha doce Alice. E ela indagou: 
         - como sabe meu nome? Não me lembro de ter te falado. 
        – Isso não importa, a verdade é que eu te espero há muito tempo, aqui nesta mesma rua.

         O mistério só aumentava, e aos poucos o medo que Alice sentira, se misturava ao encanto que aquele rapaz lhe proporcionava. Ele era romântico, misterioso e sensual, tratava-a como uma verdadeira princesa e a cada minuto ele a prendia, com seus gestos, suas palavras e seu olhar estonteante. A rua mais parecia um cenário de terror, mas aos poucos a luz brilhava iluminando aqueles corações. Naquele instante, o medo deu lugar a uma vontade imensa de beijar aquele jovem que a esperava há tanto tempo. E no instante em que seus lábios se tocaram, uma luz brilhou mais forte, e ela, então abriu os olhos devagar e viu apenas um senhor, perguntando: 
         - para onde iremos senhorita?

         Todo aquele mistério havia acabado, mas para ela foi tudo muito real, não parecia ter sido um sonho, afinal a rua continuava muito vazia, mas onde estaria o jovem maquinista que a levara para um sonho. Naquele momento ela escorou a cabeça novamente, e fechou os olhos como se esperasse o jovem voltar para leva-la novamente para o seu mundo.
                                                                                                                       (Luzia Medeiros) 






Há tempos eu não escrevia um conto, mas, ao ver essa fotografia, eu lembrei de quando eu participava toda semana do projeto suas palavras, na edição imagem e, então, veio a inspiração. Gostaria de dedicar este conto a Pâmella Ferracini, que sempre gostou dos meus contos, espero que goste, viu, Pâm. 

7 comentários:

  1. Que lindo, Lu!
    Adorei esse mistério, a descrição foi perfeita. Me fez imaginar cada detalhe. Fico impressionada com essa criatividade maravilhosa para contos! Muito boa!
    Beijos, flor!
    Saudades daqui! Eu estava numa correria horrível, mas já acabou e estou de volta.
    Fica com Deus!

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  2. Querida amiga

    Há palavras que
    nos fazem imaginar,
    com a sua beleza simples,
    e seus desejos adolescentes,
    que nos fazem sonhar com
    amores, caminhos e cenas
    de uma poesia que inebria
    nossos corações.

    Que haja sempre
    perfume de sonhos
    em tua vida.

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  3. Que lindo, não parecia um sonho. Tão real, tão sincero. Incrível a forma que tu me emociona com tuas palavras. Talvez seja mesmo realidade, apenas no coração dela.

    http://iasmincruz.blogspot.com/

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  4. Sabe Luh, já disse isso a ti, mas, vou repetir: Poucas pessoas me prendem em textos com um tamanho bem considerado, e tu, me prende em suas palavras.

    Principalmente, seus contos. É de um requinte, uma classe, um toque magnífico. Que por mais palavras que citasse seria pouco para descrever sua escrita.

    Eu não escrevo muito bem, perdi meu "toque", não deixo tanta leveza mais. Mas, lendo esse conto, quase tive o que começar a escrever. Voce sempre deu, e dá, vida e voz, as suas palavras. Parabéns, e por último, não menos importante, te adoro ♥ .


    ps; Já tenho um layout fofo pra ti, só tu disser quando querer mudar tá, ai deixa e-mail e senha no msn . \o

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  5. Ás vezes os sonhos são tão reais... Adorei o seu conto recheadas de palavras que emocionam... Parabéns!
    Beijocas!♥

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  6. Bom Dia Linda!
    Tanto tempo sem estar realmente ativa no blogger e hoje nessa manhã chuvosa me veio um desprezo pelo facebook e uma saudade gigantesca da blogsfera.Porque aqui estabeleço coisas estáveis e duradouras.Tudo é mais iluminado e sou muito tocada com as palavras de pessoas tão cheias de liminescência,como vc,a Pâmela,o Alexandre e tantos outros amigos que sempre me acrescentam coisas lindas!Passei tempo demais no face...e decepcionada retorno para esse lugar bonito que me oferece uma xícara de café quentinho.E sempre me deslumbro com esse infinito de coisas belas que meus queridos blogfriends escrevem!Me ajudam tanto,somam e não subtraem.Querida e como escreves de maneira graciosa.Uma das mais tênues escritoras deste mundo particular tão admirável e tranquilo.Amei esse conto e digo com alegria que não trocarei a paz do blogger pela tempestuosa rede facebook(que apenas suga e nada acrescenta)!Um caloroso abraço de quem te admira e agradece pelas palavras sublimes e afáveis*)Sua Tammy.

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